Sentir a Magia
O testemunho da Ana, que foi voluntária da AIP em Junho de 2024 no Infulene, na Escola Dom Bosco.
Moçambique…
Que destino tão improvável. O primeiro dia foi um dia de superação, de choque, de emoção, de algum medo e de felicidade ao mesmo tempo. Parecia irreal estar tão longe de casa sozinha, mas a verdade é que as crianças ajudaram desde o primeiro dia. Transmitem uma sensação de que estão realmente felizes por estar lá alguém novo, uma mana nova. No segundo dia, fui apresentada no “Bom dia” das crianças e assim começou a minha aventura na escolinha do Infulene. Ouvi pela primeira vez a tão carinhosa forma de me chamar, “mana Ana” ou “Irmã” e recebi os primeiros de muitos, muitos, muitos abracinhos.
As Irmãs do Infulene fizeram-me sentir muito em casa, têm uma energia diferente do que estava habituada em Portugal. Partilham essa energia com os mais jovens, cantam, contam histórias, abraçam, riem… Sentia-se uma proximidade muito grande das Irmãs com a comunidade local e foi tão bom poder participar disso. Um dos dias que mais me marcou foi o Dia da Criança Africana, em que sem esperar passei o dia na paróquia com a Irmã Ana Dorcas rodeada de muitos jovens, muita música, risos, perguntas curiosas e trancinhas no cabelo. Sentia-me integrada na comunidade e genuinamente feliz. A meio do meu mês em Moçambique, visitei a Namaacha. Desde o primeiro momento senti a magia do Colégio, estar ali com tantas crianças é único. É curioso ver o quanto elas valorizam um abracinho e como se aconchegam todas com um beijinho de boa noite. “Boa noiti mana Ana” vai ficar para sempre no meu coração, recordo com um sorriso cada momento que passei com estas meninas tão carentes e que nos ensinam tanto e nos contagiam com o seu riso e energia. Na Namaacha fazemos a diferença essencialmente pelo carinho, pela atenção, pelo tempo que lhes dedicamos. E apesar de terem passados complicados, as meninas têm sempre muito amor e conforto para dar.
Tive ainda a oportunidade de conhecer Maputo, experienciar as viagens nas “chapas” locais e observar como é uma cidade tão diferente do que estamos habituados na Europa. É muito marcante conhecermos realidades tão distintas, aventurar-nos a pé pelas estradas e passeios da cidade (é um desafio), falarmos com alguns locais e visitar o seu comércio.
Os meus últimos dias em Moçambique ficaram marcados por muitos, muitos, muitos abracinhos e por muita emoção no coração. Despedi-me de todos, de todas as crianças da escolinha, funcionários e Irmãs. Um último adeus à turminha especial e aos amigos que fiz na comunidade. Estou muito grata pela experiência que tive, por todas as pessoas com quem cruzei caminho e grata também a mim própria por ter procurado e aceite esta oportunidade e não ter pensado nunca em desistir. Moçambique foi a melhor experiência da minha vida graças às suas pessoas, alegres e abertas a conhecer e a receber.
Khanimambo!