Uma casa é sempre um sítio a regressar
O testemunho da Bárbara, que foi voluntária da AIP em Abril 2023 na Namaacha, no Colégio Maria Auxiliadora.
Sempre sonhei ir a África, poder dar algum contributo, dentro daquilo que pudesse depender de mim. Há um ano surgiu a ideia e oportunidade de participar no projeto de voluntariado dos Amigos de Inharrime, onde fui destacada para o colégio da Namaacha, em Moçambique. Cheguei de noite, após a minha primeira viagem de carro de Maputo à Namaacha. A estrada é longa e em mau estado, conduz-se pela esquerda, as ultrapassagens são assustadoras e confesso que pensei “onde me estou a meter?”. Cheguei com a minha amiga já de noite ao Colégio, onde tínhamos a Irmã Lucília de braços abertos e com toda a hospitalidade para nos acolher e que, antes de se ir deitar disse: “Sem horas para amanhã meus amores, descansem.” Lógico que, pela manhã, a alegria crescia lá fora, os gritos da criançada vindos do átrio, fizeram-me acordar naturalmente para o primeiro pequeno-almoço, já de mesa posta. É de encher o coração mais ainda, quando esta é uma rotina sempre por lá presente.
Na altura que lá estive, era fase de provas da escola! Foi engraçado reviver matérias dadas há 15 e 25 anos. Ainda assim, durante o dia, as tarefas dividiam-se entre ajudar no estudo, fazer machamba, brincar, fazer vídeos para as meninas se observarem depois e rir rir rir, dançar, fazer sessões de cinema, ajudar na padaria (com um pão e umas arrufadas ótimas!), preparar as meninas para os banhos e descanso e passear nos arredores. Das meninas temos: corridas até nós como se estivessem meses sem nos ver, abraços, inquéritos infinitos, querer mexer no cabelo (diferente) e trançar a toda a hora, querer vir ao colo mas, também, muitos sorrisos contagiantes, muita humildade e genuinidade, muito amor, muito conforto e muito para nos ensinar. Em muitos dos momentos fui eu que senti o colo delas. Era impossível não sorrir quando me chamavam ”mana Bábalaaa!” ou “mana Barbie!” Mas estas meninas, para além de uma grande bagagem de vida social e familiar, têm a melhor educação, os melhores cuidados e a melhor definição de amor com as Irmãs e Amigos de Inharrime. Têm a Família que as acolheu de verdade. Tudo é feito a pensar no melhor para elas, no melhor crescimento e desenvolvimento pessoal e de vida. Isso vê-se e sente-se!
Ao longo de todos os dias em que estive na Namaacha, foi isso mesmo que senti: acolhimento e Família. Mas não só! Senti amor, senti colo, senti paz, senti-me em casa. E uma casa é sempre um sítio a regressar, nem dá para ser de outra forma. Esta pertence ao meu coração. Foi uma experiência incrível que, tê-la vivido, deixa-me com uma gratidão eterna. E, no final, comentando a primeira frase deste texto, quem voltou com um grande contributo, fui eu… Muito, muito obrigada!