Testemunho Diana Lino

DIANA LINO
O que vivi foi um sonho?
Quando as pessoas me perguntam como foi a minha experiência em Moçambique e se gostei, sinto que, por mais que explique não consigo transmitir verdadeiramente o que vivi e que não estou a passar toda a essência desta experiência única.
Cada vez que olho para as imensas fotos que tirei, que contam tantas histórias, é impossível ficar indiferente, afinal não são fotos de umas simples férias. Representam a vontade de uma rapariga em querer fazer algo pelo mundo, transmitem alegria pura e são um portal que me leva de volta a Inharrime, novamente para ao pé daquelas meninas a que me afeiçoiei como se fossem minhas irmãs de sangue.
As meninas do centro Laura Vicunha ficaram com um bocado do meu coração. Já tenho tantas saudades! Só de me lembrar das minhas princesinhas Rosilda, Carla e a Mércia que me chamava mãe e que fez com que o meu coração se derretesse quando, no dia da despedida, chorava como uma criança perdida.
Foi mais fácil para mim criar laços com as mais pequenas mas no último mês senti que estava mais próxima das meninas mais velhas, já me contavam coisas pessoais e dávamos umas boas gargalhadas! 
Recordo com carinho todos os momentos que lá vivi. Os almoços no refeitório, as cantorias de sabádo à noite, a sessão de filme tão aguardada pelas meninas, a felicidade delas quando dizia que era hora de pintar, os domingos de brincadeiras no baloiço, a sessão de estudo que era uma luta para com as mais pequenas mas que no final ficávamas orgulhosas do trabalho que tínhamos feito, os abraços espontâneos que nos davam, os momentos depois de jantar na palhota a cantar e a dançar.. Momentos simples mas com um enorme significado.
A cultura Moçambicana e o seu meio também é algo de que vou ter saudades. As pessoas super simpáticas que mesmo antes de perguntares se está tudo bem já dizem "Olá. Estou bem.", as músicas Africanas que passavam nos chapas e que por mais que quisesse decifrar a letra não conseguia, o céu estrelado mais lindo de sempre, as imensidões de coqueiros que alegravam a minha alma cada vez que ia passear, o nascer do sol arrebatador, as cores vibrantes dos tecidos das pessoas que juntamente com a paisagem faziam todo o cenário muito mais bonito, as crianças que encontrava na rua e que esboçavam um sorriso tímido cada vez que lhes dirigia a palavra, a terra vermelha que tornava a paisagem mais selvagem, a felicidade de comer o cocô ao natural e a castanha de caju que existia em qualquer sitío, os vendedores que iam a correr até à porta e janelas do chapa cada vez que ele parava só para tentarem a sua sorte, a música e boa animação que estava presente em qualquer festa de família, o incrível talento dos Moçambicanos para a dança, os pães e os palmiers acabadinhos de fazer da padaria, a experência de andar de chapa que não era a melhor mas que no final até dá para rir com tudo o que lá acontece... bem podia estar aqui a enumerar mil e uma coisas mas o melhor mesmo é confirmar isto tudo com os vossos próprios olhos.
Já estou em casa, junto dos meus amigos e família, na minha zona de conforto e claro que é bom voltar mas é muito complicado estar longe de Moçambique sabendo que uma parte do meu coração ficou lá, junto do amor, da alegria, da simplicidade de uma vida.
Senti que cresci muito com esta experiência e que agora olho para a vida de outra forma, valorizo muito mais o que tenho.
Houve momentos complicados com saudades de casa e receio sobre o que podia vir a acontecer mas apesar de tudo, o sentimento de gratidão e de felicidade que sinto no fim de toda a experiêcia é tão grande, que a única coisa que ao olhar para trás posso querer mudar é o facto de não ter feito isto mais cedo.
Na mala de viagem não precisamos de levar muita coisa. Podemos levar alguns bens materiais para dar às meninas, elas sorriem sempre cada vez que alguém leva um conjunto de lápis e desenhos para colorir mas levar o nosso coração cheio de amor é das melhores coisas que podemos fazer.
Se o amor é uma fonte inesgotável, porque limitar a sua oferta?
Claro que ao entregarmo-nos de coração, não vamos só dar mas também receber e MUITO! É uma sensação tão boa que, por mais que quisesse, não consigo explicar!
Não deixem a vida passar ao vosso lado com indiferença, agarrarem-se à rotina do costume e chegarem a casa stressados e cansados por mais um dia de trabalho que nem é a fazer aquilo que gostam. A palavra chave é arriscar. Custa tomar uma decisão, sair da nossa zona de conforto mas se não for assim, que piada é que tem a vida?
Temos que correr atrás dos nossos sonhos por mais complicados e exigentes que possam parecer, toda a luta no final vai, decerteza, valer muito a pena.

"O Universo favorece os corajosos. Quando decidires elevar a tua vida ao seu ponto mais alto, a força da tua alma, guiar-te-á a um lugar mágico recheado de magníficos tesouros. - Robin Sharma"
E eu sem dúvida que já encontrei um desses tesouros. E vocês, o que vão fazer para descobrir os vossos?"
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