Testemunho Leonor 2024

Testemunho Da Leonor
Impossível não voltar onde fui tão feliz

O testemunho da Leonor, que foi voluntária da AIP em Julho 2024 na Namaacha, no Colégio Maria Auxiliadora.

A viagem de Lisboa para Maputo foi longa, cansativa e estava um pouco nervosa pois era a minha primeira viagem sozinha e a minha primeira vez em Moçambique. Assim que entrei no Colégio do Infulene e conheci a Irmã Bea todos os medos dissiparam, soube que estaria protegida durante a minha estadia.

Depois de descansar durante a tarde, segui para Namaacha na companhia de duas Irmãs e fui recebida por dezenas de meninas a sorrir e a abraçar-me. Ajudaram-me logo com as malas todas e no meio da confusão apareceu a maravilhosa Irmã Lucília de braços abertos a convidar-me para uma refeição quente.

O primeiro dia foi o modelo dos restantes. Acordar, “matabichar”, ajudar o grupo de meninas da manhã com os estudos, brincar, almoçar, brincar mais um pouco, ajudar o grupo da tarde com as suas tarefas e depois com os estudos. Assim passava a tarde. De repente ouvimos os sinos e já são horas de rezar o terço. Não sou propriamente uma pessoa muito religiosa, mas aqueles momentos na capela eram os meus favoritos. Muitas vezes era mesmo só eu e as meninas, se as Irmãs tivessem ido à missa na Igreja, a partilhar aquele momento espiritual de mãos dadas e o mundo parecia mais calmo, tudo era mais claro.

Apesar dos dias serem bastante estruturados também tínhamos tempo para passeios nas cascatas, missas lindíssimas, festas de anos e celebrações do Dia da Criança.

Tenho memórias muito boas deste mês sobre as quais penso regularmente. Recordo o facto de como não terem muitos brinquedos, as mais novas usarem a criatividade e fazerem casas incríveis com plantas, flores e objetos encontrados. Lembro-me de ajudar uma das mais velhas com um trabalho de inglês e de ela vir toda contente abraçar-me quando saiu
das aulas porque o professor elogiou o trabalho e pediu para ser lido em voz alta. E a minha memória preferida foi talvez quando num dia à noite, na véspera de fim-de-semana, fiquei a falar com duas raparigas mais velhas e com outra voluntária e de repente começámos a dançar ao som de músicas do Bob Marley vindas do posto do segurança noturno do
colégio.

Tenho muitas saudades de todas as meninas e Irmãs. Agora que conheci Namaacha sei que esta foi a primeira viagem de muitas, é impossível não voltar onde fui tão feliz.
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